VIVENDO A LOGÍSTICA

1977: NASCE O PRIMEIRO SISTEMA VERTICAL DE ARMAZENAGEM

Na primeira edição do Vantinews, relatei como estar no lugar certo e na hora exata me deu o privilégio de acompanhar o surgimento da logística no país, antes mesmo deste termo ser usado nas empresas.

Em pouco mais de um ano na General Motors de São José dos Campos, passei de trainee no departamento de Supply a supervisor geral de Movimentação, Armazenagem e Embalagem. No ano seguinte, 1975, já atuava como superintendente dessas áreas, além da exportação.

Foi nesta condição que coordenei a otimização da área de estoque para a produção do modelo Chevette. Nosso desafio foi implantar o primeiro sistema de armazenagem vertical no país, com uma estrutura porta-paletes construída de maneira também inédita pela empresa Móveis de Aço Fiel. E os próprios “Racks” foram projetados em sistema modular, mesmo raciocínio que utilizei em 1990 para criar o PBR.

Para movimentar as auto-peças, inovamos mais, utilizando duas empilhadeiras Raymond de garfos laterais, que se deslocavam por “guiderails”. Com essas iniciativas, estreitamos os corredores de nosso galpão e aproveitamos melhor o espaço. Para se ter uma idéia de quão avançados estávamos, aquelas empilhadeiras são usadas até hoje na GM.

Mas foi só o começo. Já em 1977, começamos a fazer todo o gerenciamento do estoque por computador. Claro que naquela época os recursos eram bem outros. Utilizamos um mainframe da IBM, ainda com cartões perfurados e analisando dados em programação Cobol. Mas o conceito do Warehouse Management System (WMS) já estava lá, quase três décadas antes de se tornar palavra de ordem nas empresas.

É por vivenciar desde então a vanguarda da logística que ainda temos muita história para contar, pois não existe futuro sem passado.


MERCADO

CRESCIMENTO NÃO ESPERA INFRAESTRUTURA

Duas notícias recentes, boas para a economia brasileira, servem de alerta para o setor logístico. No último dia 31, o governo anunciou que vai liberar R$ 15 bilhões para estimular a produção industrial no país. A maior parte dos recursos (R$ 14,5 bilhões) virá por meio de financiamentos do BNDES e do Banco do Brasil.

Um dos anúncios considerados mais importantes pelo governo e pelos empresários foi a criação do CNDI (Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial), que contará com representantes da indústria, do governo e dos trabalhadores. Presidido pelo presidente da República, será a instância máxima consultiva sobre a política industrial.

A política industrial tem como vértices a inovação tecnológica e a modernização das empresas. Os setores de bens de capital, software, semicondutores e fármacos foram escolhidos como prioritários. O programa contará com R$ 2,5 bilhões, a partir deste mês, para o financiamento de máquinas e equipamentos.

A outra notícia é que o setor siderúrgico vai duplicar a previsão de investimentos até 2008. A elevação de US$ 4 bilhões para US$ 9,6 bilhões se deve ao aumento da demanda externa e à previsão de estabilidade do cenário econômico mundial, segundo o IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia). O crescimento das exportações no ano de 2003 foi de 11% em comparação com 2002.

São realmente boas novas para a economia. Mas uma pergunta é pertinente: como será escoada toda a produção gerada por este crescimento se hoje já estamos à beira do colapso no transporte dos produtos agrícolas e siderúrgicos?

É passada a hora do governo priorizar os investimentos em infra-estrutura logística. E nós, representantes do setor, temos o dever de fazer o Planalto enxergar esta urgência. A lei que regulamenta as Parcerias Público-Privadas (PPP) já abriu as portas do país para os recursos que vão nos garantir a competitividade internacional almejada pelos brasileiros.

O Vantinews entende que, ao anunciar sua política industrial, o governo está demonstrando sair da inércia, mas ainda precisa desobstruir o grande gargalo logístico do país. Caso contrário, este grande esforço de investimentos se perderá, porque o crescimento não espera pela infra-estrutura. Esta é que precisa estar pronta dar conta do recado. E todos sabemos que as obras necessárias não serão feitas do dia para a noite. Portanto, o nosso momento é agora.

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