10/05/2004 – LOGISTICA COMEÇA A EVOLUIR / URGÊNCIA LOGÍSTICA VIRA TEMA NACIONAL
VIVENDO A LOGÍSTICA
LOGISTICA COMEÇA A EVOLUIR
Para a maioria das pessoas, hoje, a Logística é uma “coisa” nova, e para alguma minoria, ela já vem dos povos antigos. Na verdade, ambos os grupos tem sua razão: o primeiro, que compõe os neófitos e “preguiçosos” no estudo, entende que a Logística começou com o comércio eletrônico; O segundo, que compõe os “românticos”, entende que os fenícios formaram os primeiros operadores logísticos.
De fato, como arte e ciência, das atividades industrial, comercial e acadêmica, a Logística na Europa e nos EUA, começou a tornar corpo nos anos 50. Antes disso era uma ciência militar, que pela sua importância, merece um capítulo especial.
Em minha trajetória nos caminhos da Logística, iniciada em 1972, na General Motors do Brasil em São José dos Campos, no capítulo de hoje, estamos em 1984, ano que iniciamos o trabalho institucional. Aliás, já houveram dado início em 1979, quando auxiliamos o GEIPOT/Ministério do Trabalho, a elaborar o “Manual do Transporte Intermodal”, conduzido por dois excelentes profissionais do Governo: Carlos Alberto Wanderley Nóbrega, hoje, presidente da ANTT – Agência Nacional do Transporte Terrestre, e, José Cândido Senna, hoje, grande consultor de Comércio e Logística Internacional.
Neste ano de 1984, logo depois de termos realizado o Congresso de Embalagem, voltamos a procurar o Ministro Camillo Penna, da Indústria e do Comércio, e propusemos a criação de um Comitê Interministerial de “Logística”, mas não com esse nome, pois era pouco compreensível pela grande maioria. Criou-se então, através de portaria do MIC, o “CEMAT – Comissão de Embalagem, Movimentação, Armazenagem e Transportes”, composto de 7 Ministros, entre outros, dos Ministérios: do Transportes, da Saúde, da Comunicação, além de 12 entidades associativas setoriais, como: ABRAS – Associação Brasileira de Supermercados, ABIA – Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação, ABAD – Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores, NTC – Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística, IPT – Instituto Pesquisas Tecnológicas.
A CEMAT, subordinada ao MIC/Secretaria da Indústria, era coordenada por Arnaldo Serrão, ainda hoje alto executivo do governo, e entre várias contribuições, destacamos:
“Hoje, os investimentos anuais em transporte são de 0,1% do PIB, o que é ridículo. Construímos sobre nossa cabeça um teto que limita o nosso próprio crescimento; nem adianta produzir mais soja, pois não teremos condição de escoar a produção”, disse Vianna, que representa um modal que movimenta 63% das mercadorias do país. Segundo ele, seriam necessários investir imediatamente de R$ 30 bilhões a R$ 40 bilhões em infra-estrutura para evitar o “apagão logístico”. No entanto, como ressaltou, o governo tem tido dificuldade “até para arrumar verba para cobrir buracos das estradas”. A além de estar alinhada à esta crítica, também marcou sua presença no evento com um estande e a participação especial de J.G. Vantine entre os conferencistas.
No mesmo evento, o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, disse que só as Parcerias Público-Privadas (PPP) poderão mudar este quadro. Concordamos e por isso pedimos que o governo implante com urgência este sistema. Até porque, segundo o próprio ministro, o máximo que sua pasta pode fazer no momento é recuperar, até abril do ano que vem, 25%, ou cerca de 7 mil quilômetros, de rodovias federais consideradas de péssima qualidade, principalmente nos corredores agrícolas.
Serão R$ 2 bilhões de investimentos, vindos da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). Para este ano, conforme o ministro, a previsão é de uma complementação de R$ 700 milhões no orçamento. Mas melhorias como estas já vêm sendo anunciadas há meses e até agora nada foi feito.
Enquanto isso, esperamos que os investidores internacionais continuem enxergando a viabilidade de nosso país, apesar das instabilidades, como a provocada pelo governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), que decidiu encampar as concessões rodoviárias do Estado por considerar o pedágio muito caro. Assim como alertou Geraldo Vianna, todos nós também consideramos as tarifas altas, mas nem por isso defendemos uma volta ao passado e a reestatização das rodovias. É um mau sinal para quem tem o dinheiro para investir no desenvolvimento do Brasil.