VIVENDO A LOGÍSTICA

1990: NASCEU O PBR E COMEÇAVA A NASCER O VUC

Considero 1990, sem dúvida nenhuma, o ponto focal de transição da Logística no Brasil, conforme você pode observar na história já contada na edição anterior.

Estávamos quase no final do ano, quando, até por decorrência da REVOLUÇÃO PBR, começamos, ainda na ABRASAssociação Brasileira de Supermercados, a discutir o assunto produtividade na distribuição urbana. Inicialmente, convidamos representantes daABIA – Associação Brasileira da Indústria Alimentícia e demos início a sucessivos debates sobre os obstáculos existentes no abastecimento das redes de supermercados.

Para você ter uma idéia, naquela oportunidade umagrande indústria como a Nestlé ou a Unilever utilizava 8 funcionários para carregar uma carreta, e alguns quilômetros depois outros 8 funcionários para descarregá-la; , de uma rede se supermercados como Pão de açúcar eram utilizados para descarregar a mesma carreta, portanto uma utilização de 16 homens em 4 horas de operação, ou seja, um consumo de 64 hora/homem. Na verdade, as questões de entrega em perímetro urbano ultrapassavam a cadeia de abastecimento de supermercado e também não se concentravam apenas em questões operacionais. E por essa razão resolvemos ampliar os debates, convidando outras 15 entidades, além da Companhia de Engenharia de Tráfego, nascendo assim o CDU – Comitê de Distribuição Urbana.

E dele falaremos na próxima edição

J.G. Vantine.


PONTO DE VISTA

RODOANEL DE SP: A ROTATÓRIA DA LOGÍSTICA NO BRASIL

Alguns estudos demonstram que parte considerável dos veículos que trafegam pelas marginais Tietê e Pinheiros vem de outros Estados da Federação para a Cidade de São Paulo ou sai da megalópole em direção a outros Estados. Ou seja:muitos dos caminhões que passam pelas marginais estão em São Paulo apenas de passagem. Por isso, o Rodoanel é uma solução imprescindível para desafogar o trânsito na maior cidade do País.

Infelizmente, a conclusão das obras do Rodoanel tem esbarrado em uma série de dificuldades. Em primeiro lugar, destaca-se a falta de sinergia entre os governos da União, do Estado de SP e do Município para tocar as obras adiante. Embora as três esferas de governo sejam responsáveis por investir na construção da obra, o que se observa é que interesses políticos têm atrapalhado – e muito ! – a construção do Rodoanel, com sérios prejuízos para a população paulistana e para todos os agentes econômicos que dependem do tráfego de mercadorias pela cidade.

De outro lado, a construção do trecho Sul do Rodoanel tem sido adiada por conta de dificuldades em se obter autorização legal dos órgãos que cuidam da licença ambiental (como o Ibama ou a Secretaria de Estado do Meio Ambiente). Um dos casos mais bizarros é o de uma tribo de índios remanescentes dos tupi-guaranis, cuja aldeia fica a 18 km do traçado previsto para o trecho Sul do Rodoanel. Ambientalistas, antropólogos e outros defensores dos direitos indígenas sustentam a tese absurda de que a construção do Rodoanel irá afetar a qualidade de vida dos índios. Enquanto isso, continuam os terríveis congestionamentos na avenida dos Bandeirantes, por onde ocorre toda a entrada e saída de veículos do Porto de Santos para São Paulo e vice-versa…

A cidade de Paris, benchmark mundial de distribuição urbana, já demonstra, há décadas, que os anéis viários são um meio necessário para desafogar o trânsito e proporcionar maior mobilidade às pessoas, aos veículos e às cargas. O Rodoanel de SP, onde já está construído, tem funcionado perfeitamente bem. Pela importância crucial da cidade de São Paulo para o bom desempenho da logística no País, o Rodoanel deve ser considerado a rotatória da logística no Brasil. E a conclusão das obras não pode ser mais adiada!

J. G. Vantine