VIVENDO A LOGÍSTICA

1978 – AVANÇANDO PARA MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM DE “NÃO ALIMENTÍCIOS”

Desde a integração das operações dos “depósitos” da Pão-de-Açúcar e EletroRadioBraz, o crescimento do volume movimentado e armazenado foi imperativo para o desenvolvimento de soluções, de fato, que permitissem operações racionais. Havia muitas condições que tornavam as operações difíceis, mesmo sem comparar com as condições atuais, passados 30 anos. O inventário mensal, com base em contagem física e anotações manuais, era uma tarefa hercúlea, gigante, cuja conclusão demandava o esforço e paciência de todos os envolvidos. Esta citação apenas nos remete às condições físicas em que o material era estocado e sua forma de operação. Verificamos então que o processo operacional era fortemente afetado pelas instalações.

Ambas as empresas citadas estavam preparadas para operarem pequenos volumes suportando pequenos transtornos. Juntados os transtornos a dimensão resultante merecia atenção e solução para viabilizar a operação e o atendimento dos pedidos das lojas. Ainda não se falava em Logística, mas em Distribuição Física (Armazenagem, Transporte e Processamento de Pedidos) e do lado físico em Movimentação de Materiais, época em que nasceu a ABMM – Associação Brasileira de Movimentação de Materiais.

Preocupávamos com as pessoas e com o quadro de pessoal. Além do esforço físico e mental para preparação das cargas, riscos de erros e atrasos eram permanentes e produziam seus efeitos. Com a mentalidade e cultura de compras e suprimentos, o conceito básico era considerado e respeitado: “O produto certo, no local, certo, na quantidade certa, no momento certo, por um custo adequado”. Portanto, a missão seria de consolidar os três fatores fundamentais desta situação:

Com a visão organizada para desenvolver soluções foi necessário primeiramente conhecer o processo e seus “gaps”. Em conjunto com usuários foram debatidas as condições operacionais valorizando os pontos críticos para projeção de um fluxo fluído nas atividades cotidianas. Isto foi associado às características de ocupação de área e espaço, assim como das características das pessoas, influenciando no desenho das estruturas de estocagem e no layout. O resultado definiu a aquisição e instalação de equipamentos (estruturas/estanterias/prateleiras) e de carrinhos diferentes da origem de ambas as empresas. “Se queremos resultados diferentes, devemos agir de forma diferente, criativa e inovadora”.

O último passo antes da implantação foi a barreira do investimento. As estantes metálicas ainda eram caras comparando-se com a construção em madeira, muito comum naquela época. O pinho de primeira qualidade utilizado no mercado interno, de fato, só perdia para o pinho de exportação, porém sua qualidade era adequada e suficiente para a construção destas estruturas. Desenvolvemos um projeto de construção e instalação simples e cuja mudança fosse possível, devido a imprevistos da “dinâmica das aquisições” de outras redes e lojas. O objetivo foi alcançado e esta experiência com produtos de Bazar, mais tarde foi adaptada para Confecções, possibilitando algumas mudanças de local e com durabilidade por mais de dez anos, até o fechamento do CD Tamboré, em 1991.

C. B. MARRA
Vantine Consulting


PONTO DE VISTA

GERENCIANDO NOS TEMPOS DE GLOBALIZAÇÃO

Um dos acontecimentos decisivos para as mudanças na área de Administração de Materiais, foi sem dúvida o maior desafio que estamos vivendo no século XXI, que é a globalização mundial. Segundo o dicionário de Economia e Administração, de Paulo Sandroni, globalização significa: “o fim das economias nacionais e a integração cada vez maior dos mercados, dos meios de comunicação e dos transportes”.

A globalização é um processo de “quebra” das fronteiras entre os países que abre caminhos para a expansão do comércio internacional. Com a globalização, um carro de uma fábrica sediada na Itália pode ser montado no Brasil e na Argentina e ser exportado para vários países na Europa. As empresas globalizadas procuram os mercados mais rentáveis e os recursos (principalmente mão-de-obra) mais produtivos e baratos, em qualquer lugar do mundo. As empresas globalizadas não têm pátria, elas estão nos lugares mais rentáveis e eficientes.

A globalização é apoiada pela acelerada evolução tecnológica, que aproxima os países por meio de ligação telefônica, rápida viagem de avião ou transação eletrônica pela Internet. Os fluxos de capitais financeiros, sendo produtivos ou especulativos movimentam-se rapidamente de um país para outro. As fronteiras físicas e virtuais, como as regulamentações e restrições, vêm sendo destruídas dia a dia.

A globalização tem conseqüências positivas e negativas nas economias. Entre elas, são relevantes:

– as empresas nacionais tradicionais não conseguem competir com as empresas e produtos de outros países, assim não sobrevivem e aumentam o desemprego;

– a competição que tira o emprego, reduz os preços e melhora a qualidade dos produtos;

– surgem novos instrumentos financeiros, mais ágeis e flexíveis;

– as empresas necessitam investir na inovação tecnológica e administrativa para competir e sobreviver no mercado.
Nos últimos anos do século XX pareciam estar acompanhados de níveis cada vez maiores de turbulência no ambiente dos negócios. Companhias que eram líderes de mercado há algumas décadas, em muitos casos, estão enfrentando sérias dificuldades. As fusões e as transferências de controle mudaram o perfil de muitos mercados e o advento da concorrência global e internamente na própria Europa, modificou completamente as regras do jogo. Além de tudo isto, como temos observado, tem havido uma demanda crescente por níveis cada vez mais altos de serviços e qualidade. Estas pressões combinadas criaram um novo imperativo para as organizações: a necessidade de serem ágeis.

A organização ágil não somente procura colocar o cliente no centro do negócio, mas projeta todos os seus sistemas e procedimentos, com o objetivo principal de melhorar a velocidade e a confiabilidade da resposta. As organizações tradicionais ficaram pesadas com níveis sobre níveis de gerentes e muita burocracia. Estas companhias têm pouca chance de continuar competitivas no novo mercado.

Também não será suficiente confiar na reestruturação dessas organizações através da exclusão destes níveis de gerência, “enxugando” o organograma como muitas empresas estão procurando fazer, se esta remoção de camadas não for acompanhada de uma mudança equivalente nos processos internos, nas redes e sistemas que prestam serviço ao cliente.

Entre os observadores e comentaristas experientes no processo de gerenciamento logístico, existe um consenso generalizado de que a maior barreira para implementação do conceito logístico é organizacional. Em outras palavras, o maior impedimento para a mudança, nesta área vital, é a estrutura entrincheirada e rígida, que se constitui num peso para a maioria das empresas.

O conceito de gerenciamento logístico integrado, pelo qual o fluxo de informações e materiais entre a fonte e o usuário é coordenado e gerenciado como um sistema, é atualmente amplamente entendido, quando não implantado. A lógica da ligação entre cada fase do processo, à medida que os materiais e produtos se deslocam em direção ao cliente, é baseada nos princípios da otimização, ou seja, o objetivo é a maximização do serviço ao cliente, ao mesmo tempo em que se minimizam os custos e se reduzem os ativos detidos no fluxo logístico.

A globalização fez as empresas repensarem em suas estratégias competitivas: a aceleração da transformação tecnológica, a disputa em mercados globais contra correntes globais e o aumento das expectativas dos consumidores são fatores a se considerar, para a manutenção e prosperidade da empresa.

A logística é importante porque cria valor para os consumidores e fornecedores da empresa, valores estes, expressos em tempo e lugar.

DANIEL VANTINE
Vantine Consulting

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