27/04/2005 – SISTEMA LOGÍSTICO II – O SISTEMA. / O FLUXO DO COMÉRCIO MUNDIAL
VIVENDO A LOGÍSTICA
Em continuidade à série de artigos publicados no Jornal “O Estado de São Paulo” , o artigo desta edição tratará do assunto:
SISTEMA LOGÍSTICO II – O SISTEMA.
O sistema logístico atua diretamente sobre a cadeia de distribuição que acabamos de analisar. Sua finalidade é controlar e harmonizar os fluxos de entrada e saída nas áreas de distribuição, suprimentos e produção – sejam eles referentes a informações ou materiais. Com isso, se propõe a obter o máximo de eficiência do setor serviços, ao menor custo possível. Um projeto de logística deve, portanto, determinar o nível desejado de desempenho e os custos que acarretará. Por isso, antes de defini-lo, a empresa deve realizar uma análise da eficiência de sua cadeia de distribuição e definir seus objetivos de médio e longo prazo. Para tanto, as seguintes perguntas são fundamentais:
• Onde se localizam os meus clientes, atuais e potenciais?
Que produtos eles compram?
Qual o volume de compras de cada um?
Qual o padrão de pedidos característico de cada grupo de clientes?
Estou sendo eficiente em atender suas necessidade, em relação a prazos, qualidade e segurança de entrega?
Onde se localizam e qual o porte de meus fornecedores?
Quais os padrões de suprimentos sazonais e cíclicos que eles observam?
Qual o grau de antecipação com que trabalham?
Seus serviços, em relação a prazos, segurança e qualidade de entrega estão de acordo com minhas expectativas?
Respostas a essas perguntas poderão indicar onde se encontram os pontos de estrangulamento da cadeia e quais as medidas necessárias à sua solução. É a partir daí que, como estratégia de planejamento, o sistema logístico apoiará as seguintes variáveis.
Número e localização das unidades produtivas;
Número e localização dos armazéns e centrais de distribuição;
Meios de transporte;
Meios de comunicação;
Processamento de dados;
Disponibilidade do produto;
Localização dos produtos nos estoques;
Volumes de produção e de estoque.
Devido à sua amplitude, o projeto de logística pode ser dividido em dois sub-sistemas: suprimentos ou administração de materiais e distribuição física. O primeiro se ocupa de compras, recebimento, almoxarifado, controle de estoques e planejamento e controle da produção. O segundo tem as funções: embalagem, movimentação, armazenagem e transporte do produto final.
É preciso notar, porém, que essas funções não são subordinadas a um mesmo departamento: espalham-se em diversas áreas da empresa. Essas áreas, por sua vez, exercem outras funções que não pertencem ao âmbito da logística.
Em nosso modelo, a diretoria industrial – que também se ocupa de questões operacionais como volume e quantidade de material produzido – é responsável pelas áreas de manufatura, que se sub-divide em produção e suprimentos. Já a diretoria comercial, se ocupa do sub-sistema distribuição, através dos departamentos de marketing e vendas. Além disso, executa outras funções como propaganda e vendas, que também não pertencem ao âmbito da logística.
Se fizermos, agora, um corte horizontal no organograma da empresa modelo perceberemos que os diversos departamentos em que os sub-sistemas estão divididos têm “status” semelhante. O mesmo acontece com as diretorias.
Muitas vezes, porém, os objetivos desses departamentos ou diretorias são divergentes. Por questões de custos, por exemplo, a produção prefere entregar séries longas e homogêneas e o setor de compras adquiri lotes com grandes volumes. Isso, porém, pode não se enquadrar na política de segmentação e diversificação de mercados da área de marketing. Em outro caso, uma ligeira mudança na embalagem beneficia a imagem do produto, mas causa perturbações na produção e em todo o fluxo de escoamento.
Devido à segmentação dos sub-sistemas entre as áreas e às divergências que podem surgir, o sistema logístico funciona como uma espécie de árbitro e, ao mesmo tempo, como um guarda-chuva aberto sobre toda a empresa.
Um projeto de logística integrada com metas de curto, médio e longo prazo, está acima de pendências como essas e as resolve enfocando o todo e não um departamento específico, e a solução encontrada tenderá a beneficiar a relação custos/benefícios da empresa, mesmo que, para isso, alguns elos da cadeia sejam sacrificados em termos de custos ou produtividade.
Continuamos na próxima edição.
PONTO DE VISTA
O FLUXO DO COMÉRCIO MUNDIAL
Há décadas, portanto desde o século passado, criou-se a consciência de que o Brasil precisa se tornar, de fato, um país exportador , pois o mercado mundial é muito mais amplo do que o mercado doméstico, por mais aquecido que esteja. Isto cria maior oportunidade de negócios e do volume de vendas. Evidentemente que as crises locais de alguns mercados compradores podem ser menos percebidas se a carteira de clientes, no caso países, for mais diversificada.
Considerando a possibilidade de crises globais, o mercado externo está cada vez mais interdependente e, portanto sujeito às mesmas. Nada mais importante que estar vinculado a parceiros fortes, como os países desenvolvidos.
Nosso objetivo não é comentar a política externa do país, mas sim considerar a importância no fluxo do comércio mundial, sob determinados aspectos.
No aspecto de volume , a concentração de cargas para determinados destinos racionaliza as operações desde a estufagem dos contêineres, ao seu destino final, até ser desovado.
No aspecto de circulação de contêineres vazios, a consolidação certamente coopera com a redução do transit time e custo operacional, ao viabilizar para esta operação maior freqüência de navios, ou seja, maior número de viagens por mês.
No MIT , Manzanillo International Terminal , localizado em Colón, Panamá, (Caribe), 80% da operação consiste em atendimento atransshipment . Em face à sua localização é indiscutível a necessidade da operação; quero evidenciar que no sentido de exportação do Brasil, esta operação é necessária para atendimento, principalmente dos países do Caribe ou da Costa Oeste da América do Sul. Este Terminal é uma referência, pois otransshipment pode ocorrer em outros portos da região também.
Considerando que os referidos transbordos demandam tempo de operação e de espera do próximo navio, apesar de sua excelente produtividade do MIT , por exemplo, o tempo total é acrescido.
O crescimento do porte dos navios na rota Brasil (Mercosul) – Estados Unidos e o aumento de freqüência, denotam os benefícios para as partes compradora e vendedora, nas relações das exportações da região. Em se agregando maior volume à rota, certamente será mais freqüente, portanto mais rápida e mais econômica.
Não podemos esquecer os destinos com menor concentração afinal “navegar é preciso” mas, de acordo com Paretto, a avaliação da curva ABC é interessante, oportuna e importante na definição de políticas e mercado.
CBMarra