27/10/2004 – Olhar panorâmico de 1986 / Ministério anuncia pacote para infra-estrutura
VIVENDO A LOGÍSTICA
Olhar panorâmico de 1986
Talvez nem todos se recordem, mas em 1986, o Brasil começou a entrar na espiral da hiperinflação, quando o então presidente José Sarneyimplementou o Plano Cruzado. Sarney mudou a moeda, que anteriormente era o Cruzeiro, bem como indexou os preços por meio da URP (Unidade Referência de Preços) e congelou a economia.
Hoje, como conhecemos a história, sabemos que este plano foi malogrado, e neste ambiente econômico, devemos ressaltar também o cenário político. Isto porque Sarney assumiu em virtude da morte de Tancredo Neves, o primeiro presidente civil escolhido por eleições diretas após a Revolução de 1964. Mas, devemos observar que Tancredo Neves era da oposição (PMDB) e Sarney, do MDB, sempre foi de direita, assumindo papel de um dos principais líderes da ARENA durante a citada Revolução. Coisas da política e, neste caso, com alto impacto para a história do Brasil.
Portanto, a situação econômica caótica e o cenário político complexo, fizeram com que a Logística brasileira, que à época dava seus primeiros passos, sofresse séria interferência, pois seu impacto nos custos era desprezível. Desta maneira, enquanto efetivamente a Europa e os Estados Unidos avançavam rapidamente com a ciência e a arte da Logística, nós, aqui no Brasil, continuávamos a ver apenas o aspecto industrial do setor, fortemente direcionada aos processos de movimentação e armazenagem.
Também é importante ressaltar que dentro deste cenário, era mínima a importância dos custos de inventário (estoque), e a tecnologia da informação concentrada unicamente em sistema de MRP(Materials Requirement Planning).
PONTO DE VISTA
Ministério anuncia pacote para infra-estrutura
Na última semana, o Ministério dos Transportesanunciou o pacote de investimentos a serem aplicados no setor de infra-estrutura em 2005. O ministro Alfredo Nascimento destacou, entre as obras, o Arco Rodoviário do Rio de Janeiro e a duplicação da BR-101 (parte da Rodovia do Mercosul), nos trechos Sul e Norte. O pacote é formado por investimentos que têm retorno econômico garantido e atingem o total de R$ 2,5 bilhões.
O ministério reservou R$ 1,1 bilhão para a recuperação de rodovias que servem de corredor de escoamento das exportações. Entre os planos, estão a construção de dois trechos na ferroviaNorte-Sul e a recuperação e duplicação da BR-153, a Belém-Brasília. O objetivo é viabilizar, dentro de dois anos, o acesso das regiões produtoras do Centro-Oeste ao Porto de Itaqui (MA), usando tanto a ferrovia quanto a rodovia, com a construção de uma estação de transbordo.
Na ampliação da Norte-Sul, o Governo estima gastar R$ 700 milhões e procura atrair a atenção da Cia. Vale do Rio Doce para investimentos. Para a recuperação e duplicação da Belém-Brasília, o cálculo chega a R$ 400 milhões.
Os gargalos da infra-estrutura estão cada vez maiores e mais evidentes, como já vêm alertando especialistas do setor. O rápido crescimento das exportações, induzido pela política econômica vigente, ultrapassou os limites da infra-estrutura nacional, já que não houve um plano de crescimento sustentável na área. A falta de um sistema eficaz, que una a Logística, em todos os seus aspectos, ao desenvolvimento da estrutura operacional, prejudica o escoamento da produção e a captação de investidores estrangeiros. Os portos de Santos e do Rio, já saturados, não poderiam atender à demanda mesmo com altos investimentos. É necessário facilitar o acesso a outras saídas e, assim, dissolver estes entraves.