VIVENDO A LOGÍSTICA

GRUPO DE LOGÍSTICA DA ABRAS SURGE EM BUSCA DE SOLUÇÕES

Continuando a história da VANTINE, nesta edição retratarei um capítulo fundamental para a Logística no Brasil: a criação do Grupo de Logística da ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados). O surgimento deste grupo, em 1986, foi essencial para o aprofundamento das discussões, visando o melhor entendimento entre a Distribuição Física, termo já em uso na época, e a Logística, termo em fase inicial de utilização.

Coordenado por Paulo Lima, atualmente diretor regional de lojas do Pão de Açúcar, que, em 1986, era diretor de Armazenagem e Transporte da mesma rede. Paulo Lima foi pioneiro nesta atividade no setor de supermercados, tendo sido responsável por modelos de abastecimento até hoje utilizados por muitas empresas, e também pelo projeto e implantação da maior central de distribuição, hoje utilizada por outra empresa. Paulo Lima escreveu um capítulo importantíssimo na evolução da Logística na cadeia de abastecimento de supermercados.

O Grupo de Logística foi instituído na ABRAS em 1986. Nesta oportunidade, fui convidado pelo Paulo Lima e pelo presidente da ABRAS, João Carlos Paes Mendonça, para ser consultor técnico de Logística da ABRAS, função esta na qual continuo até hoje, sempre em caráter institucional (sem remuneração de serviço). Paulo Lima estava iniciando um trabalho intenso de mecanização do processo de distribuição, e encontrava grande dificuldade em viabilizar a movimentação de mercadorias por todas as fases do processo, desde os fornecedores, passando pelo CD, até o abastecimento das lojas. Naquela época, a integração dos processos logísticos era quase uma utopia. O que se praticava muito eram operações de distribuição física.

O objetivo do grupo era analisar o cenário e criar soluções para a distribuição física dos supermercados , lembra Paulo.Precisávamos reunir pessoas com as mesmas idéias. Ao encontrar o Vantine, dono de grande experiência no assunto, juntamos a fome com a vontade de comer , completa.

Um ponto fortemente debatido pelo Grupo era a necessidade de racionalizar a distribuição, fazendo com que fosse possível reduzir o custo e o tempo despendidos no processo. Um dos maiores entraves era que as grandes indústrias já estavam operando internamente com paletes, e esta era uma operação de alto custo. Isto porque estes não eram intercambiáveis, exigindo uma grande quantidade de mão-de-obra para retirar as caixas dos paletes próprios para carregar os caminhões, e depois, novamente, muita mão-de-obra para descarregar o caminhão no Pão de Açúcar, e colocar a mercadoria em seus paletes. Ou seja, não existia a entrega paletizada, apenas armazenagem paletizada. Portanto, era gritante a necessidade desta racionalização. Neste ambiente, o Grupo de Logística começou então a debater o assunto, o que iria resultar, mais à frente, na criação do PBR, a ser apresentada nas próximas edições.

Dentro do Grupo de Logística da ABRAS, a VANTINE teve papel fundamental, disponibilizando métodos operacionais, táticos e estratégicos para viabilizar estudos e projetos. O Vantine foi o grande mestre de nosso trabalho, um impulsionador, sempre à frente. Atribuo a ele a fenomenal mudança da mentalidade logística no Brasil , ressalta Paulo Lima


PONTO DE VISTA

LOGÍSTICA INTERNACIONAL: O PROBLEMA CONTINUA

Durante o II SP EXPORT AÇÃO, seminário realizado em São Paulo em 01/09, o Secretário Estadual de Ciência e Tecnologia, Desenvolvimento e Turismo do Estado do São Paulo, Sr. João Carlos de Souza Meireles, disse: “O Brasil não tem cultura de exportadora, sempre fomos vendedores de balcão”. Este já foi por nós abordado anteriormente tanto neste Editorial como no eletrônico que fazemos todas as segunda-feira no Programa Brasil Logística .

Na verdade o Ministro Furlan, com a sua habilidade, e competência aliados à sua experiência empresarial, tem proporcionado recordes sucessivos nas exportações brasileiras, mas lamentavelmente deve ter se esquecido que uma exportação só se concretiza quando a mercadoria sai do porto e chega no destino. Foi aí que falhou o processo, ou seja, não se considerou o planejamento da logística internacional.

Por outro lado, há também a responsabilidade das indústrias exportadoras, bem como das cias de navegação, dos “freight” e dos agentes de cargas, responsáveis diretos pela execução das exportações. Dentro do mesmo raciocínio do Secretário Meirelles, desde a década de 80 quando ministrava aulas na CFUNCEX – Fundação Centro de Estudos Comércio Exterior (Michel Alabi, atual presidente da ADEBIM, era o diretor), eu já alertava para o estranho fato dos profissionais lidando com comércio internacional desconhecerem estratégia de práticas da logística internacional, nem sequer sabendo correlacionar os “Incoterms” com as operações de transportes.

No evento acima citado, procurou se divulgar uma iniciativa do estado de São Paulo, denominado CELEX – Centro de Logística de Exportação. Só que a maioria das pessoas não sabem do que se trata. Pode ser uma boa iniciativa que corre o risco de não ter sucesso.

Se o Brasil entende de empresas competitivas no disputado mercado internacional, é preciso entender que não basta Ter produto de qualidade, preço FOB, se não sabe cumprir prazos e gerenciar a cadeia de abastecimento do mercado internacional. Isto não é uma crítica: é um alerta!

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