VIVENDO A LOGÍSTICA

SURGEM AS PRIMEIRAS ASSOCIAÇÕES DA CLASSE

Temos acompanhado aqui a comprovação histórica de que a logística na área empresarial, nasceu há três décadas e dentro da indústria; não nos últimos cinco anos na cadeia de suprimentos fora da organização, como muitos erroneamente pensam hoje. Os primeiros profissionais desta especialidade começaram a se organizar para discutir a atividade na segunda metade dos anos 70.

Em 1975, foi criada a ABAM (Associação Brasileira de Administração de Materiais), na qual ingressei dois anos depois, como fizeram outros executivos de logística. Esta entidade teve um papel fundamental não só em São Paulo, mas também na Bahia, por conta do pólo petroquímico de Camaçari.

No ano seguinte, surgia a ABMM (Associação Brasileira de Movimentação de Materiais), formada por fabricantes de equipamentos, principalmente pelos de empilhadeiras como Hyster, Yale e Clark. Este órgão, no entanto, durou apenas dois anos, porque, de forma involuntária, o IMAM (Instituto de Movimentação e Armazenagem de Materiais), criado em 1979, acabou representando também este segmento.

A criação do IMAM é mais um motivo de orgulho para mim. Uni-me aos companheiros Reinaldo Moura, vindo da CPFL, e José Maurício Banzato, também da GM como eu, e fundamos um instituto para reunir profissionais da área e discutir as operações logísticas das empresas. Éramos todos jovens idealistas, na faixa dos 30 anos de idade, que só mais tarde nos tornaríamos empreendedores neste setor.

Com o fechamento também da ABAM, em decorrência da crise da década de 80, aglutinou ainda mais os interesses em torno do IMAM. De lá para cá, os profissionais que construíram esta história evoluíram muito. Grande parte deles dirige hoje empresas de logística ou responde por operações de multinacionais.

Hoje, o grande foco da logística volta a ser a gestão de estoques e não mais a eficácia da distribuição, como nos anos recentes. Portanto, para quem quer conhecer mais sobre o assunto, recomendo um estudo atento do que já se fez no passado.


MERCADO

NOVO CORREDOR DE EXPORTAÇÃO EM SP

O secretário de Transportes de São Paulo, Dario Rais Lopes, anunciou há alguns dias que o Estado prepara-se para ter seu segundo corredor de exportação a pleno vapor dentro dos próximos cinco anos. Essa nova via, que compreende as regiões de Campinas, Vale do Paraíba e Litoral Norte, vai complementar o corredor do Porto de Santos.

Para isso, uma série de investimentos vem sendo feitos nos últimos quatro anos. São mais de R$ 50 milhões no prolongamento da Rodovia D. Pedro II, entre a Dutra e a Carvalho Pinto, na terceira faixa da Serra dos Tamoios e na duplicação de 14 dos 17 quilômetros entre as cidades de Caraguatatuba e São Sebastião.

No Porto de São Sebastião estão sendo investidos R$ 2,5 milhões em reforma de armazéns, recuperação do pátio e construção de novos “dolphins” (estrutura de concreto para amarração de navios), além do novo sistema de segurança. Nos próximos cinco anos, São Sebastião deverá movimentar um volume superior a 3 milhões de toneladas anuais. Atualmente, movimenta apenas 400 mil toneladas por ano. É pouco, se comparado com as 60 milhões de toneladas anuais no Porto de Santos.

A VANTINE, que tem suas origens naquela região, comemora o anúncio, pois o Porto de São Sebastião se vangloriava apenas pelo seu calado. No acesso ferroviário e rodoviário, no entanto, era inviável até então, com as rodovias BR-101 (Rio-Santos) e Tamoios atendendo apenas os veículos de turismo.

No início da década passada, surgiu a proposta de criar a Rodovia do Sol, um prolongamento da D. Pedro II, do entroncamento com a Ayrton Senna e Carvalho Pinto até São Sebastião, um trecho de apenas 40 quilômetros, mas vetado por razões ambientais projeto.

Há cerca de cinco anos, a VANTINE, a Prefeitura de São José dos Campos e a Associação Comercial e Industrial da cidade realizaram um evento para discutir a logística para o Cone Leste Paulista, que abrange o Sul de Minas, Vale do Paraíba e Litoral Norte. A cidade de São José foi identificada como pólo logistico, pela presença de ferrovia, aeroporto com pista de 3 mil metros, com capacidade para receber cargueiros de qualquer dimensão, a Via Dutra privatizada e o Porto de São Sebastião, que agora também será concedido.

Somente na região entre Jacareí e Lorena estão instaladas 300 indústrias, das quais pelo menos 20 são grandes exportadoras, como Kodak, Avibrás, Embraer, Volkswagen, General Motors, Johnson & Johnson e outras.

Na nossa opinião, o governo ainda fica devendo uma rodovia de acesso ao porto local à altura do transporte de carga. A duplicação da Tamoios no trecho de serra não é suficiente, porque no litoral a estrada volta a se afunilar, passando pelo centro de São Sebastião antes de chegar ao porto.

A solução seria um anel viário contornando as cidades de Caraguatatuba e São Sebastião, evitando o fluxo das praias. Muitos alertam para a preservação da Mata Atlântica, mas a VANTINE defende que é possível o desenvolvimento responsável.

Para discutir os rumos da logística na região, nos dias 27 e 28 de abril, acontecerá o 3° Logisvale, uma promoção da Nanquim, com apoio da VANTINE. O evento ocorrerá no mesmo ambiente da Encomex, Encontro de Comércio Exterior promovido pelo Ministério da Indústria e Comércio. E lá estarão tanto o secretário Dario Rais como o presidente da MRS, Júlio Fontana, uma boa oportunidade para avançar nas negociações entre ambos, que, segundo declaram, estão “tentando” construir um terminal multimodal no Vale do Paraíba.

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