09/03/2012 – DISTRIBUIÇÃO URBANA X TRÂNSITO / A FAMÍLIA VUC – VEÍCULO URBANO DE CARGA
VIVENDO A LOGÍSTICA
Programa fala sobre a logística relacionada a distribuição física, abastecimento urbano.
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PONTO DE VISTA
A FAMÍLIA VUC – VEÍCULO URBANO DE CARGA
Logística: O transporte é o meio de suprimento de pessoas.
O caminhoneiro é, sobretudo, um forte, como talvez dissesse Euclides da Cunha. Sem referir à epopéia vivida pelos pioneiros do transporte rodoviário no Brasil, o caos de transporte e mobilidade das cidades brasileiras é um problema há muito tempo anunciado. Apesar do exagero, digamos que seja ênfase, parece que a palavra mobilidade foi criada para definir os anseios da população paulista.
Do lado do abastecimento, desde o início dos anos 90 tive a oportunidade de participar com a ABRAS – Associação Brasileira de Supermercados e com a VANTINE SOLUTIONS, na busca de soluções para a operação de transporte. O caos já havia começado. Foi criado nesta entidade o CDU – Comitê de Distribuição Urbana. A CET também já existia e nos ajudou a estabelecer o VUC – Veículo Urbano de Carga. Como elemento auxiliar, o PBR – Palete de Distribuição Nacional havia sido implantado em 90, pela ABRAS e VANTINE, como meio de racionalização de movimentação e transporte, para que os veículos fossem mais produtivos.
O VUC, ora o VUC. Estabelecido por Decreto Municipal em 1997, foi resultado de um esforço coletivo envolvendo diversas entidades, incluindo a ANFAVEA – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores e a CET – Companhia de Engenharia de Tráfego, como já citamos, no CDU, patrocinado pela ABRAS e coordenado por JG Vantine. O conceito deste veículo fazia parte de uma política proposta que associava o tamanho do veículo às restrições a serem impostas. Recapitulando, o princípio do VUC foi de um veículo para o qual não haveria restrição (temporal x espacial) de tráfego em áreas, vias ou horários. Reapresento alguns pontos fundamentais para esta condição:
– A área ocupada pelo VUC, “projeção de sombra” medindo 5,50m x 2,20m corresponde a de um automóvel;
– Veículos deste tipo têm uma velocidade média maior que a dos caminhões convencionais;
– A área da carroceria permite a ocupação com seis paletes PBR, sem referência à ocupação volumétrica.
Após dez anos de utilização, por pleito da NTC e SETCESP, o comprimento do VUC foi aumentado para 6,30m, visando proporcionar maior volume por viagem. Por outro lado, a indústria automotiva mundial passou a fabricar uma linha mais ampla de veículos aplicáveis na distribuição urbana. Nem a necessidade, nem a iniciativa são novas. Como exemplo, o veículo desta foto, criado para delivery é dos anos 50, mas a idéia vem dos tempos das carruagens e carroças.
O VUC é uma instituição. Deve ser considerado e respeitado dentro de uma visão sistêmica e racional de abastecimento urbano. Hoje a família cresceu com veículos menores, veículos este que evidentemente também atendem à mesma legislação. A Mercedes-Benz, certamente será lembrada como pioneira nesta área com o 608, 703 e Sprinter. Outras marcas vieram na “esteira” desta onda, que diferente do conceito moda, vieram atender empresas com menor volume de carga própria. Os utilitários anteriores (pickups), com até 8m³, atendiam a serviços de assistência técnica, porém muito onerosos devido à baixa capacidade de carga e alto consumo de combustível (gasolina). Os veículos com capacidade de carga inferior ao VUC deveriam ser repensados e utilizados quando essencialmente necessários.
O que queremos debater ou argumentar é que o sistema de abastecimento urbano não deve ser feito por decreto. Decisões de gabinete dificilmente refletem necessidade e apresentam soluções para um Brasil real. No caso do abastecimento de São Paulo, nos parece que foi preferível criar restrições para o elemento visualmente tido como mais simples, com menos pessoas envolvidas.
Esta solução, imposta à força, custa quanto? O que a sociedade pagará a mais num país com 40% de carga tributária? Ou o povo é apenas um detalhe? E os caminhoneiros? Não estão sendo marginalizados? Digamos que foi uma situação contingencial, como fica o futuro? Quais são os planos? E os políticos do Legislativo: Apenas “assinarão embaixo” do executivo municipal?
Quando você receber uma entrega em sua casa, ou em sua empresa, pense nisto. Em algum trecho entre a produção e o consumo, “Se ‘tá’ na mão, veio de caminhão!”
C.B. MARRA
Vantine Logistics Solutions