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As empresas estão descobrindo os prejuízos pela má gestão das compras e falta de planejamento das vendas.

A MÁGICA DA LOGÍSTICA

Logística é uma palavra mágica que está revolucionando o conceito de estoques em todo o mundo, embora o Brasil seja conhecida por poucos. Por ser uma atividade de organização empresarial que administra todo o fluxo de informações dentro de uma empresa, a logística deu novo perfil ao departamento de armazenagem, desobstruindo o demorado caminho que tradicionalmente vai da área de marketing, que mede a demanda do mercado, à de suprimentos que aciona a produção. José Geraldo Vantine da Vantine & Associados (atual Vantine Consulting empresa de Consultoria em Logística e Supply Chain Management), diz que o método permite trazer para apenas uma semana a média brasileira de 30 dias de estoque no ciclo fornecedor (de insumo, matérias primas e embalagens) e para apenas 2 dias a média de 15 no ciclo de mercado (produtos acabados).

“Além disso, o método elimina qualquer necessidade de estoque de segurança, algo típico de Terceiro Mundo”, afirma Vantine, um crítico de vários tabus nesse campo, entre os quais o famigerado Just-In-Tim (JIT – produção em tempo real) e estoque zero. Segundo ele, a filosofia do JIT foi distorcida no Brasil porque o método foi empregado apenas na gestão da produção, ou seja, só para reduzir estoques, quando deve envolver toda a cadeia produtiva.

Estoque zero “é pura balela”, diz, porque nenhum ciclo sobrevive sem um mínimo de armazenagem de insumos ou produto para pronta entrega. E estoque de segurança, para ele, trai todo o conceito de modernidade e produtividade empresarial, já que pressupõe falta de parceria e confiança no fornecedor, algo ainda muito presente no Brasil.

A Logística, explica Vantine preenche justamente esse hiato porque permite substituir os pedidos de encomenda por programações anuais de compra, mesmo em economias instáveis, como  a brasileira. Uma programação da necessidade de suprimentos é de fácil concepção a partir de um histórico da média de produção e vendas. Essa programação deve prever redução ou ampliação das encomendas, conforme a oscilação do mercado. Seria uma espécie de entrega firme, sem os atropelos das compras de ultima hora que, invariavelmente, não são atendidas.

“A logística harmoniza todo o planejamento de materiais, desde a matéria prima na fonte fornecedora até o produto acabado na entrega, pois centraliza a gestão de estoques”, explica Vantine. Pelo organograma convencional, a área de Suprimentos esta subordinada ao Departamento de Finanças, o planejamento da Produção é estabelecido pela Manufatura e o produto acabado diz respeito ao Marketing e Vendas. Esse método torna lenta a resposta da empresa em relação à entrada de pedidos dos vendedores, de um lado, e o acionamento dos fornecedores para entrega dos insumos, de outro. A logística encurta esse caminho, integrando todo o ciclo a partir das pontas do Marketing (que sente a demanda do mercado para fixar o volume de produção) e da Manufatura (que vai acionar os fornecedores e a produção). As vantagens dessa nova arquitetura são óbvias: melhora o nível de serviços, por meio de rápido atendimento à clientela e menor grau de erro na qualidade e quantidade da encomenda; reduz o custo financeiro do inventário (remuneração do capital parado); corta os custos marginais (mão de obra, área ocupada, índice de perda e riscos) e diminuiu os custos com transporte.

Revista DI – Dirigente Industrial – Ano XXXIII – nº 6 – Junho 1992