JORNAL: DIÁRIO DO COMÉRCIO – VAREJO
Queda de faturamento, prejuízos elevados e um endividamento financeiro crescente, em 90 e 91, levaram o grupo Bunge Y Borne, de origem argentina mas sediado em São Paulo, a implementar uma política de comando unificado para suas 75 empresas brasileiras. Com a nova estrutura, as controladas foram agrupadas por setores de atuação (têxtil, alimentos, fertilizantes e imobiliário, entre outros), e também pelo critério de identidade dos canais de distribuição. A criação, há três meses, da gerência de Logística representou o início da execução desta política de unificação. Subordinada à divisão de produtos de consumo, do Setor Alimentos, a gerência tem a tarefa de planejar, em bloco, as compras, a produção e a distribuição da Sanbra (segunda maior do grupo, atrás da Moinho Santista), Samrig, Pety-bom, Alimonda, Plus Vita e CSS (tonica Schweppes). Juntas, as seis empresas fabricam 500 mil toneladas/ano de produtos de consumo, num total de 400 itens, atendendo 10 mil clientes. Para orquestrar esta variedade de culturas e de negócios, o gerente Othniel Rodrigues Lopes costuma escalar os profissionais mais especializados entre as 400 pessoas da equipe de logística para percorrer as fábricas e orientar os funcionários de cada uma delas. Lopes também lança mão de softwares e tecnologias, alheias ou desenvolvidas pela Proceda S/A Serviços Administrativos, outra empresa do grupo, para o planejamento do processos internos. Em cinco meses, revela, a eficácia dos estoques saltou de 20% para 75%e os volumes caíram em 40%. Metade dos pedidos atualmente são faturados no mesmo dia e, nas capitais, são entregues em 24 horas. “Mas tecnologia não é tudo”, ressalva Lopes. Segundo ele, a nova estrutura trouxe uma mudança da flexibilização nas linhas de produção e a valorização do conhecimento e da experiência dos empregados em geral, e do pessoal de vendas e de marketing em particular. Os vendedores da Disbra – Distribuidora Brasileira de Produtos (braço comercial do grupo e da divisão de produtos de consumo), por exemplo, passaram a ter status de observadores do mercado, deixando para trás o papel de simples anotadores de pedidos. “eles conhecem de perto os clientes e suas necessidades e sentem suas mudanças e reações.” Além de aquecer os serviços de consultoria, a logística também está abrindo um novo nicho de negócio: os softwares especializados, que podem custar de US$ 150 mil. Um bom indicador do potencial deste mercado é a criação, pela IBM do Brasil, da Área de Serviços, com o objetivo de oferecer softwares, métodos e sistemas de aplicação gerencial para pools de pequenas e médias empresas. A Andersen Consulting espera dobrar o faturamento dos softwares de logística, que deverão responder por 20% do faturamento global nos próximos dois anos. O carro-chefe desta expansão, prevê o gerente José Carlos Ferreira Villela, deverá ser o roteirizador Road Show, apresentado em três seminários organizados em São Paulo e no Rio no final de 91. Outro roteirizador, o Trucks, da Manugistics, ajudou a elevar a receita da Modus Logística Aplicada com a venda de softwares em 35% e está sendo levado pela consultoria ao promissor mercado argentino, com outros dois programas, o Phydias (planejamento estratégico e tático) e o Sob Medida (todas as áreas logística). A logysystem, criada no início do ano pela Vantine & Associados e especializada em sistemas de informação para logística, tem a representação ou parceria de seis programas, incluindo o roteirizador Logiscargo, desenvolvido pela holandesa Delta Logis, de propriedade do consultor de informática da Heinneker, Ton Veringa. |