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A Associação Brasileira de Logística (Aslog) foi oficializada em São Paulo, na noite da última terça-feira, durante evento que reuniu 450 executivos de diversas empresas no Hilton Hotel (região central). A logística, como define o estatuto da nova entidade, é uma ciência que permite a otimização do fluxo de materiais e informações de uma organização, integrando suas atividades gerenciais e operacionais.

A solenidade foi presidida por Geraldo Vantine, da Vantine & Associados, empresa de Consultoria em Logística e Supply Chain Management. Ele passa a encabeçar também uma comissão “pro-tempore”, formada com o objetivo de efetivar a implantação da Aslog em um prazo de 150 dias.

Essa comissão é composta também por Gilberto Miranda (Refinações de Milho Brasil Ltda.), Reinaldo Werner Zietlow (Fábrica de Papel Santa Therezinha S.A.) e Paulo Lima (grupo Pão de Açúcar). Foram nomeados como conselheiros Antonio Achoa (Coopersucar), Eduardo Athiê (Time & Place), Marcos Isaac (Modus Engenharia de Transportes) e Ernesto Rodrigues (LPC Danone).

De acordo com Vantine, a ideia de se formar essa associação a se concretizar em junho do ano passado. Durante a realização do Logistech, um evento pioneiro sobre logística no país, as mesmas pessoas que compõem a comissão e foram nomeadas conselheiras passaram a se reunir mensalmente.

O consultor Marcos Isaac diz que os estatutos da Aslog foram discutidos durante cerca de três meses. Segundo ele, a questão mais controvertida foi se chegar à melhor definição da logística. “Muitas pessoas ainda têm uma idéia errada do que seja a logística”, afirma.

A disseminação dessa ciência no país, para Marcos Isaac, está seguindo o mesmo ritmo verificado em outros países onde ela já se encontra em estágio avançado de utilização. Nas décadas de 60 e 70, “tivemos uma grande ênfase para o marketing”, diz. Ele afirma ainda que isso foi seguido por uma preocupação com a questão das matérias-primas ou suprimentos.

Como decorrência natural, algumas empresas nacionais passaram, a partir da segunda metade dos anos 80, a dar os primeiros passos em direção à implantação concreta de sistemas logísticos.

Esse é o caso da Refinações de Milho Brasil. Gilberto Miranda, 45, gerente do departamento de distribuição física, diz que a empresa começou a realizar entregas utilizando “pallets” há cinco anos.

Essa estratégia já atinge cerca de 15% de toda a sua produção. “Isso diminui custos com mão-de-obra, tempo de espera e perdas”, diz.

O início de todo esse processo foi realizado por um profissional norte-americano, “expert em distribuição”. Em 71 ele formou um departamento de distribuição e foi implantado um deposito, em São Paulo, que recebia a produção de diversas linhas.

Outra etapa importante, foi a informatização da empresa. “Fomos os pioneiros no pagamento mecanizado das transportadoras”, diz. Esses prestadores de serviços puderam, então, planejar melhor seu fluxo de caixa.

“O Japão não conquistaria o mundo se não tivesse uma logística eficiente”, diz Vantine. Segundo ele, o mesmo se aplica à viabilização do projeto de unificação européia previsto para 92. “Esses são fatos históricos marcantes”, diz.

Atento a essa realidade, o grupo Pão de Açúcar, segundo seu gerente-geral de armazenagem e transporte, Paulo Lima, 46, vem implantando sistemas logísticos há mais de 15 anos. “Temos essa filosofia na distribuição, mas ainda não concretizamos o conceito de logística integrada”, afirma.

A estratégia que mais viabilizou o projeto da rede de supermercados Minibox, que pertence ao grupo, foi a entrega mecanizada de mercadorias iniciada há oito anos. “Do depósito até as lojas, elas seguem paletizadas”, diz Leite.

Jornal Folha de São Paulo, 08 de Junho de 1989