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Maior eficiência e custos menores, por outro lado, acabam beneficiando a performance da empresa. Do ponto de vista mercadológico, o sistema logístico funciona como um verdadeiro campo de batalhas na conquista do consumidor. Uma estratégia eficiente de distribuição que garanta a presença do produto final no local, data e quantidade adequada, pode, portanto, ser uma arma indispensável. Um mercado não atendido ou atendido em condições precárias é um convite ao desenvolvimento da concorrência. No entanto, a atenção contínua e estável às necessidades do consumidor só tende a beneficiar a imagem do produto e do produtor. De outro lado, ao permitir o aumento da margem de lucros sem alterar o nível dos preços finais, o projeto se transforma em mais um gol contra a concorrência. É conhecido que a escala de preços utilizada em cada empresa afeta a decisão de compra em relação a características, quantidade, meios de aquisição e recebimento do item desejado.

4.1 – LONGO PRAZO

Em longo prazo, um sistema de logística integrada pode funcionar como elemento de proteção contra as incertezas – que envolvem desde o nível de procura para determinado item até a existência de mercados para toda a linha de produtos da empresa.

Algumas companhias europeias por sinal, integraram todas as suas atividades logísticas, visando a redução de custos e ganhos de produtividade no decorrer dos anos. Nesse caso, o projeto deve ser dotado de três características adicionais:

  • Sensibilidade: onde se calcula características operacionais, custos e investimentos necessários sob uma variedade de pressupostos. Tais testes fornecem uma estimativa do impacto de mudanças futuras;
  • Análise de Série Temporal: nesse caso, a análise recai sobre a evolução do sistema de distribuição através do tempo e sob vários conjuntos e condições;
  • Flexibilidade: um plano rígido pode oferecer maiores oportunidades econômicas em condições esperadas. Um plano flexível, porém, tem maiores condições de se adaptar às variações do mercado.

4.2 – NO BRASIL

As premissas estudadas, citadas na edição anterior, têm importância particular no cenário brasileiro. Dada às dimensões continentais do país e as distâncias que muitas vezes separam os centros produtores dos consumidores, a estratégia para distribuição é fundamental.

Além de proporcionar maior velocidade no escoamento da produção, acarreta uma redução de custos que pode contrabalancear os constantes aumentos dos preços de combustíveis e autopeças.

O efeito mais visível na implantação do Projeto Logístico na produção é o aumento da produtividade – que também acaba funcionando como um amortecedor aos aumentos salariais. No entanto, ele funciona como uma proteção contra as oscilações de demanda, tão comuns no mercado nacional. De outro lado, sua flexibilidade permite, também, segurança quanto à manutenção dos níveis de estoques – sejam eles de matéria-prima ou produtos finais – mesmo em caso de greves, paralisações ou interrupção no abastecimento.

Na área de suprimentos, o projeto tem impacto direto na relação cliente/ fornecedor. Ao aumentar a agilidade na transmissão da informação e nas operações de carga e descarga dos produtos pedidos, repercute no nível de eficiência do primeiro e nos custos do segundo. A partir daí, é possível ao cliente, pleitear um tratamento preferencial negociando vantagens como redução de custo, prazo de entrega ou periodicidade no atendimento.

Por permitir o controle dos estoques de matéria prima de acordo com as necessidades da produção, também aqui o Projeto Logístico funciona como uma proteção às crises no abastecimento.

4.3 – TENDÊNCIAS DA LOGÍSTICA

Durante muito tempo, logística foi confundida, no Brasil, com distribuição física. Apenas agora começa a tomar suas dimensões reais. Não restam dúvidas, porém que conquistou um espaço significativo nos últimos anos. A tendência pode ser medida pelo aumento no número de empresas usuárias e fornecedoras do sistema – sejam elas fabricantes de equipamentos, consultorias ou prestadoras de serviços.

Essa distorção de enfoque, porém é compreensível. No passado, os desenvolvimentos mais notáveis da logística relacionavam-se com o transporte. A ênfase dada a esse segmento era análoga à destinada, às operações de produção e distribuição. Apenas com o desenvolvimento tecnológico – que permitiu a introdução de modificações técnicas nos projetos – a concepção plena do sistema começou a se popularizar.

  

Jornal – O Estado de São Paulo – Publicado em 14 de fevereiro de 1989

J.G. Vantine – Engenheiro Industrial, consultor, professor especializado em logística, distribuição, movimentação, armazenagem e embalagem. Professor da OEA para América Latina. Diretor geral da Vantine & Associados, empresa especializada em Logística e Distribuição Física.

Diretor Geral da Vantine Consulting, empresa de Consultoria em Logística e Supply Chain Management.