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Num momento em que a humanidade registra grande interesse e preocupação com o meio ambiente, o enfoque logístico ainda não foi abordado com ênfase, já que a preservação ambiental passa necessariamente pela Logística e seus sistemas.

Para os leitores não-especialistas, fica um pouco difícil entender qual o impacto da Logística no meio ambiente. Assim, é conveniente conceituar a Logística como sendo uma atividade de administração que cuida do gerenciamento de materiais e produtos em geral, o que envolve entre outras atividades, embalagens, transporte, movimentação e armazenagem.

A embalagem, principalmente é um elemento que merece profunda e especial atenção.

Primeiro, porque é fundamental ter-se um projeto adequado à efetiva necessidade do produto contido, de forma a evitar que as ações geradas pelo transporte ou armazenagem provoquem avariais à embalagem, e a consequente exposição do produto.

Outro ponto capital é a necessidade de restrição sobre o uso de certos materiais de embalagem, dando absoluta preferencia aos recicláveis e biodegradáveis.

Só que a reciclagem das embalagens usadas impõe um novo enfoque logístico, ou seja, é necessário captar em determinados locais e transferir a outros. Este, é um novo papel que cabe às empresas de supermercados, pois elas se constituem no principal polo de geração de lixo, devendo, portanto, também se transformar em vetor de coleta.

Outras áreas da Logística, como transporte e armazenagem, também tem influencia sobre o meio ambiente. No transporte há dois problemas principais: a contaminação dos recursos naturais como consequência de cargas desprotegidas, e a poluição ambiental pela emissão de gases provocados pela combustão incompleta, absolutamente normal no País, apesar de proibida por lei.

No que diz respeito à movimentação e armazenagem, faltam cuidados básicos e a utilização de técnicas adequadas ao manuseio e estocagem de produtos de alto risco. Afinal, quem não se lembra do caso do Césio em Goiânia?

O tema meio ambiente é sem dúvida complexo e multi-sistêmico, mas a questão fundamental é encontrar o ponto de equilíbrio entre os interesses econômicos e ecológicos. Entre o desejado e o realizado existe uma enorme distancia, porque entre a teoria e a pratica costuma haver imensa hipocrisia (o que se fala não se sustenta no que se faz).

Do ponto de vista econômico, social e cultural, os países desenvolvidos, já tendo agredido fortemente a natureza, lutam para se redimir, por meio de legislação séria e conscientização dos cidadãos. O que não ocorre fora da classificação de Primeiro Mundo, onde as leis são raras e a educação depende de pelo menos mais duas gerações. É preciso agir e saber usar os instrumentos à disposição.

José Geraldo Vantine é Diretor Geral da Vantine Consulting, empresa de Consultoria em Logística e Supply Chain Management.

Revista I&C EMBALAGEM  Agosto de 1992.