VIVENDO A LOGÍSTICA

OS MEIOS PREJUDICAM O FIM
(uma inversão propositada)

Inspirado no principal fundador do pensamento e da Ciência Política moderna, Nicolau Maquiavel foi diplomata, poeta e músico durante a Renascença Italiana, deixou uma obra chamada “O Príncipe” e cunhou a frase “os meios são determinados pelos fins que alguém busca atingir”, ora traduzida “Os fins justificam os meios” (erradamente costuma-se utilizar o adjetivo “maquiavélico” à aquele que pratica mal a alguém. Mas não é isso!). Não quero fazer correlação direta entre o título desse assunto e o pensamento de Maquiavel, cabendo a quem ler tirar suas conclusões.

No cenário brasileiro de agora até 2016 temos como fatos concretos:

– Crescimento anual do PIB entre 5 e 7%;
– Copa do Mundo em 2014;
– Olimpíadas de 2016.

Só por isso já se identificam inúmeras necessidades de investimento em todos os setores, sociais, produtivos, educacionais, turísticos e especialmente na Infra-Estrutura. E é nesse vetor que foco minha análise. E dentro deste foco quero destacar especialmente as questões relacionadas a Portos e Aeroportos que se constituem nos elementos principais da interface Logística do Brasil com o mundo e do mundo com o Brasil, e é essa a razão do título por que: De nada adianta alta produção, excelente qualidade de produto, preço internacional competitivo se as operações Portuárias/Aeroportuárias, à beira do colapso tiram toda a vantagem competitiva.

Poderíamos usar a inspiração de Maquiavel para tentar explicar a inépcia gerencial do Governo Lula, mas prefiro tratar de forma mais objetiva e realista: é fato que o Presidente Lula, que é mescla de ditador, imperador e rei, que só deve satisfações a si próprio, com pensamento voltado ao continuísmo do poder, que está acima das leis, que agrada hipocritamente as pessoas pobres, que apóia ditadores sanguinários e ladrões. Esse homem, investido democraticamente na função de “Gestor da Nação” nunca teve visão de Estado, mas apenas foco de Governo, ou seja, tratando o País como se fosse seu.

Com relação aos Aeroportos, referindo apenas à questão da carga aérea, tenho comigo que os problemas hoje existentes não são culpa da INFRAERO, mas de Diretores desta empresa nomeados pelo Presidente Lula e sem competência e experiência setorial, fazem parte do aparelhamento petista. Conheço bem a INRAERO e muito dos seus profissionais sérios, competentes e comprometidos com as empresas que utilizam o transporte aéreo na sua Logística. E o grande exemplo disso é o aeroporto de Viracopos, isoladamente um “exemplo” de eficiência, que até mesmo à frente de empresas privadas possui uma excelente metodologia de indicadores de performance de todos os elementos intervenientes nos processos de importação e exportação. Mas assim como outros aeroportos, especialmente Guarulhos e Manaus estão próximos do “Enfarte Operacional”. Existem planos de investimentos consolidados com projetos aprovados e licenciados com a visão de “Plano de Estado”? Minha resposta é NÃO!

Falar de Portos então acaba sendo uma falácia porque o “Gestor do Brasil” mesmo tendo criado a SEP, (aliás, muito bem gerenciada pelo Ministro Pedro Brito e seus executivos) tem as limitações já conhecidas de todos exatamente pelo fato de diretrizes orgânicas não apenas para ampliação dos Portos atuais, mas também e principalmente para novas construções em sintonia com os planos de construções de novas Rodovias e Ferrovias segundo já consta do excelente projeto chamado PNLT – Plano Nacional de Logística e Transportes. E não apenas, por exemplo, construir uma nova Siderúrgica, ou uma nova Refinaria numa região de um Estado qualquer para agradar um Governador como “moeda de troca política”. Esta análise tem que ser técnica e sistêmica, principalmente sob o ponto de vista logístico cuja infra-estrutura terrestre é parte integrante de um Plano Diretor Industrial e de um Plano Estratégico de Operação Portuária.

Podemos chamar de “gargalo” ou mesmo como cunhou a NTC&Logística chamado de “Apagão”, na verdade o que mais me surpreende é ver soluções paliativas como recentemente tomada pela CODESP que estabeleceu regras para organizar filas de navios, como se isso fosse novidade. E o pior, a ignorância gerencial integrada entre CODESP/Armador/Exportador que é resultante da falta de planejamento e programação. Ora, na data em que escrevo dia 23/07, existem 47 navios na fila para carregar açúcar e leio no Jornal “A Tribuna” o Presidente da CODESP dizendo “Somos o maior produtor e exportador de açúcar do mundo. Temos poder para isso”. Esta afirmação seria perfeita se não fosse patética, porque mostra exatamente a incompetência gerencial não de pessoas, mas de processos e sistemas. O culpado não é o Sr. José Roberto Serra, Presidente da CODESP, para mim, ele é mais uma vítima.

Finalizo fazendo referência aos dados estatísticos demonstrando a precariedade das principais Rodovias brasileiras, excetuando algumas Ferrovias sobe a concessão, o restante também sem condições operacionais para uma Logística eficiente, muito embora o Ministro dos Transportes, Paulo Passos mostre otimismo (obrigando-se até mesmo um certo cinismo para proteger seu chefe), pois nem mesmo consegue executar integralmente uma obra do PAC ou do PNLT.

De verdade, nesses quase 8 anos de Governo Lula, qual foi a evolução em obras terminadas para Portos, Aeroportos, Rodovias, Acessos e Ferrovias além de eliminação da burocracia que prejudica a Logística no Comércio Internacional.

O que aguardamos e esperamos é que o próximo Presidente a ser eleito tenha a competência e a coragem política de estabelecer um “PLANO DE ESTADO PARA A INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES E LOGÍSTICA”, se não os “meios que prejudicam o fim” nem mais serão necessários, pois o colapso está próximo.

J. G. Vantine
VANTINE LOGISTICS & SUPPLY CHAIN CONSULTING


PONTO DE VISTA

CUIDADO PARA NÃO SAIR DO FOCO

Cada vez mais os profissionais de logística vêm se especializando, focando suas carreiras em nichos de mercado que terão grande demanda por parte das organizações. Não só os profissionais de Logística como as próprias empresas também estão procurando se concentrarem em seu foco principal, utilizando mecanismos como terceirizações de atividades que não lhe agregam valor. Isto hoje é uma tendência no mundo empresarial. Por se tratar de uma tendência muitas empresas estão terceirizando suas atividades observando apenas os pontos positivos que elas podem trazer olhando principalmente para a questão do custo. A terceirização, como diferencial competitivo para a empresa que a adota, deve ser tratada de forma cautelosa. Nem sempre, dentro da própria empresa existe a competência necessária para se realizar a escolha de um parceiro, ou mesmo realizar um processo de concorrência. A metodologia a ser utilizada é algo de fundamental importância para o sucesso nesta decisão. A pressa para escolher pode trazer no futuro problemas tão grandes, que os ganhos relativos a custos das operações envolvidas serão irrisórias perante as dificuldades. Existem também questões como o Contrato a ser assinado após a escolha do parceiro, que se mau feito se tornarão um problema crônico para a organização. Neste caso mais uma vez a empresa terá que despender esforços intensos para contornar a situação retirando-a novamente do seu foco, ou seja, da sua expertise.

Gilberto Moreira
VANTINE LOGISTICS & SUPPLY CHAIN CONSULTING

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