Logística Internacional: O que aprendemos com a crise?

Fonte: Portal NewsComex

Estou certo que ninguém aguenta mais falar sobre crise, o vocábulo mais utilizado nos últimos 12 meses. Claro que, hoje o mundo está mais aliviado do que um ano atrás, quando a perplexidade assombrou empresas e pessoas. E aí que eu faço a diferença entre o IMPREVISTO e o IMPROVÁVEL. Certamente esta crise está na categoria do “IMPROVÁVEL” por isso não foi considerada em nenhuma previsão de investimento ou de queda no mercado internacional.

O binômio Comércio e Logística Internacional nunca esteve tão forte comparado ao passado e nunca esteve tão fraco se olharmos um futuro tão próximo. Por quê? Porque o “Comércio Exterior” sempre foi tratado com foco exclusivamente comercial, porém, estou certo que a crise definitivamente está ensinando que um produto somente tem seu valor agregado no momento em que é recebido pelo cliente nas condições de qualidade e prazo estabelecidos nas condições comerciais (incoterms).

Outro binômio que mantém estreita relação é INFRAESTRUTURA e GESTÃO LOGÍSTICA. A China já descobriu isso o Brasil ainda não, o que causa o tão falado custo Brasil. Vejamos o seguinte:

1- Em 2008, o nosso país investiu apenas 0,48% do PIB em infraestrutura;

2- O nosso maior porto, o de Santos, está previsto para atingir, em 2024, 230 milhões de toneladas movimentadas por ano e, no entanto, ainda sofre dos velhos problemas como: construção das perimetrais, alargamento do canal de 150m para 220m e aprofundamento de 12m para 17m, visando atender os navios da 3º geração;

3- Na infraestrutura terrestre observe as seguintes comparações.

(mil Km²)ÁreaRodoviaFerrovia
 Pavimentada
Brasil8,521229
Chile9,31.57277
Indonésia3,075563
Rússia174.21087

4- Para o comércio internacional via terrestre, há 10 anos foi dado início aos estudos denominados IIRSA – Iniciativa de Integração da Infraestrutura Regional Sul Americana, que incluía ligações intermodais com praticamente todos os países vizinhos, com destaque especial para a ligação inter-oceânica ligando a costa do Peru ou Equador no Pacífico com o Brasil no Atlântico. Isso reunia 510 obras cortando o continente em 10 grandes eixos de transporte, com investimento de US$ 74 bilhões. Na prática, até agora, apenas 10% das obras foram executadas.

Ninguém pode crer que um país como o Brasil, com um dos maiores potenciais em exportação de granéis e manufaturados do mundo, possa concretizar em realidade sem que, por exemplo, um outro grande e importante “Projeto de Estado e não de Governo” seja implementado. Falo do PNLT – Plano Nacional de Logística e Transportes, muito bem coordenado pelo meu amigo Marcelo Perrupato e Silva (com quem, aliás, encontrei-me ontem na FENATRAN, durante o lançamento do meu DVD de Logística).

Longe de ser crítica, esta análise é realista e somente o equilíbrio entre: COMÉRCIO INTERNACIONAL – GESTÃO LOGÍSTICA – INFRAESTRUTURA, ou seja, quando for possível criar um triângulo eqüilátero entre eles.

Por: José Geraldo Vantine
Profissional pioneiro em Logística no Brasil e na América Latina, que vem acumulando larga experiência na are desde 1972.

Fonte: http://www.newscomex.com.br/mostra_artigo.php?codigo=487