EMPRESARIO

A Tecnologia da Informação transformou a Logística na arma mais eficaz do marketing das empresas, e pode até ser apontada como substituta dos chamados quatro Ps em que as companhias se baseavam para produzir e comercializar: em inglês: Products, Prices, Promotions e Places. Como as tecnologias estão amplamente disseminadas e disponíveis, os produtos são cada vez mais assemelhados, da mesma forma que os preços, cada vez mais alinhados, e a propaganda fica mais cara a cada dia, resta a logística, que atende melhor à conveniência de empresas e consumidores, colocando os produtos no lugar certo, na hora certa.

Para JG VANTINE

Existe um pouco de misticismo no que diz respeito à logística nos dias de hoje. A maioria das pessoas que se inicia nessa atividade que o mundo começou naquele momento, esquece que existiu uma evolução. Estamos aqui na Casa do Transportes, eu convivo há mais de 20 anos e há 20 anos não se falava em logística.

Quando se fala em alinhamento da cadeia, são necessárias algumas considerações. É importante convencionar-se a substituição de cadeia produtiva, que é uma linguagem de meados do século passado. Linguagem moderna é juntar os elos da cadeia logística, que não é supplier management. São coisas distintas: a gestão da cadeia de abastecimento é atividade muito complexa e hoje no Brasil nenhuma empresa opera essa cadeia. A administração da cadeia de abastecimento envolve revisão muito profunda na gestão de processos de uma companhia. Não é simplesmente olhar o patamar operacional.

Vamos a outro fato aqui mencionado, que seria a falta de estatística. Vamos pegar uma cadeia que todo mundo pode identificar, a AmBev. Imaginemos uma lata de cerveja, na qual entra alumínio, a tinta que revestiu a lata, você tem a cerveja, que e produzida a partir de produtos agrícolas. Levando isso para trás, vamos pegar só o alumínio. O alumínio que a AmBev usou veio de um fornecedor, possivelmente a Alcoa, que produziu essa folha numa usina do Nordeste, que usou o lingote de alumínio produzido em São Luis, no Maranhão, que veio da alumina, da Albrás, que o retirou da bauxita da Mineração Rio do Norte. Então, a latinha de cerveja que se compra no supermercado teve sua cadeia logística iniciada La no Norte.

Quando se passa para o envasamento, as cervejas já vêm de outra estratificação que também é logística e nasce La na agricultura, e quando nasce no Brasil. Então, a mensuração dessa cadeia é muito difícil… O que se precisa perguntar é: a logística tem a mesma importância para a Mineração Rio do Norte e para a AmBev. Claro que não. O importante para a MRN é ter o navio dela lá, de 40 mil toneladas, disponível na hora em que houver carga para levar a São Luis, no Maranhão.

Na medida em que o produto chega ao consumidor, a logística vai ficando mais importante.

A logística só não cresceu do ponto de vista operacional porque a área de materiais, como se chamou ate bem pouco tempo atrás, ainda não percebeu o ganho efetivo. É um nicho, porem, em que a logística vai crescer bastante.

Dentro dessa cadeia logística, esse valor do PIB, de 12% a 15%, é um engordo. Não há mensuração. Esse número eu trouxe dos Estados Unidos em 1980, quando se mediu duas cadeias produtivas chegou-se à conclusão desse percentual. Não existe esse numero, nem no IBGE, em lugar nenhum. É imensurável. É possível fazer numa determinada cadeia. Para o operador logístico, na grande media, custo de armazenagem, de produto acabado varia de 0,8% a 1.2% do valor final; dependendo é claro do valor agregado.

Revista Empresário – Dez/Jan2003