supherhiper-abril-2001

A Logística a serviço do consumidor

A Logística assume cada vez mais o centro dos negócios e os supermercadistas sabem que precisam se debruçar sobre essa questão para conseguir ser mais competitivo e assim atender melhor os seus clientes. Afinal, uma estratégia que movimenta US$2,1 trilhões do PIB global e responde por custos que chegam a 19% do faturamento das empresas não pode ser relegada a segundo plano.

Por JG Vantine

A Evolução da Logística

A origem da palavra logística vem do francês logistique e seus primeiros relatos já apareciam na atividade militar, que se baseava na montagem de estratégias e táticas durante uma guerra. No ambiente empresarial, contudo, a utilização da logística surgiu nos anos 50, até então conhecida como distribuição física. Segundo o presidente da Vantine Consultoria, José Geraldo Vantine, naquela época a logística ainda não era tratada como hoje, ou seja, com o objetivo de interligar a cadeia produtiva e buscar o máximo de satisfação do cliente. A distribuição física era uma atribuição do departamento de marketing do varejo, enquanto a indústria cuidava do suprimento, uma versão pouco evoluída do que atualmente se conhece por Supply Chain.

A aproximação entre a indústria e o varejo não tardou a chegar. Por volta de 1965, quando o autoserviço começava a compreender que o sucesso de seu negócio depende diretamente da atenção reservada ao consumidor, supermercados e fornecedores começaram a dialogar. “O setor de suprimento da indústria passou a se comunicar mais com o departamento de distribuição do varejo e surgia o conceito de logística integrada. Foi o primeiro passo para adequar processos de suprimento com distribuição física”.

A partir daí, a logística na atividade empresarial começou a crescer e a receber uma enorme contribuição das universidades americanas e europeias (dos anos 60 a 80), que formaram muitos mestres na área com literatura específica sobre o tema. Ao mesmo tempo, houve  um avanço significativo da informática. Na virada dos anos 90, introduziu-se o conceito de Supply Chain Management, ciência de gestão empresarial que estabelece simetria entre processos internos de uma empresa com outra da mesma cadeia. “Houve a integração da cadeia proporcionada em grande parte pela automação comercial, a utilização crescente do código de barras, EDI (transferência eletrônica de dados) e automatização do PDV”. Vantine esclarece, no entanto, que a logística não é o Supply Chain, mas uma parte importante dele.

Economia Estável

A partir de 1995 outros acontecimentos colaboraram para a crescente importância da logística. Além da abertura econômica e dos sinais de estabilidade, a queda da inflação fez o varejo pensar um pouco no custo logístico, já que com a inflação baixa em baixa o lucro financeiro não proporcionava mais ganhos altos.

Vantine aponta, também que o movimento ECR colaborou muito para o desenvolvimento da logística e alertou o varejo sobre novas tecnologias. “Do conjunto de ferramentas utilizadas no ECR, 70% é de logística, 20% de marketing e 10% de finanças”, calcula. Outros elementos vieram se juntar aos demais para a evolução da logística. A questão da competitividade, grande bandeira do varejo e em especial dos supermercados, foi um desses fatores.

Vantine explica que durante todo esse avanço o autoserviço foi aos poucos introduzido a centralização, afinal havia a necessidade de reduzir custos e gerar eficiência. O modelo de entrega direta para a loja (EDL) foi substituído pela entrega direta para o deposito (EDD). “O EDD permitiu mais agilidade, diminuição de custos e estoques”.

Finalmente, o fenômeno da internet foi definitivo para a logística. A transferência de informações, até então realizada por papel, vendedor, telefone, fax, ou EDI, começou a ser também feita pela Internet com custos de transmissão baixo. “É um meio absurdamente barato de transmitir informação”. Permite a indústria conectar-se ao varejo por meio de vários softwares. O próximo passo da logística na opinião de Vantine é o CPFR (Colaborative Planning Forecasting Repleshment), ou seja, o planejamento de compras realizado em conjunto entre o varejo e a indústria. Trata-se na verdade das duas pontas da cadeia conversando diretamente, por meio de alta tecnologia, e trocando informações sobre produtos, compra, venda, etc. “O CPFR estabelece uma junção muito comprometida entre a indústria e o varejo. Podemos dizer que se trata da versão 2001 do Supply Chain Management”.