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O setor de supermercados no Brasil está preso a uma cultura estacionária que  ainda utiliza os mesmos métodos de gestão da origem dessas empresas no País, já cerca de trinta anos.

Essas empresas, que ao longo dos anos acostumaram-se a trabalhar com lucratividade e nunca com produtividade tem de repensar todo o seu nível de atuação. Trata-se de criar uma espécie de nova cultura empresarial do varejo.

O lucro final do acionista vai vir da eficiência, da produtividade. Quem não encaminhar para isso certamente terá sérios problemas. No caso dos supermercados, por exemplo, o risco é de, não seguindo a trilha da produtividade, volta a ser mercearias de 20 anos atrás.

A produtividade no varejo deve ser muito bem trabalhada daqui para frente. Uma cadeia de varejo tem de, em partes iguais, apresentar componentes de comercio, indústria e serviços. E uma empresa hibrida. Precisa apresentar o melhor do talento comercial, o melhor da competitividade técnica da indústria e o melhor do atendimento ao cliente do setor de serviços. O sucesso vem disso tudo.

Assim, por exemplo, o varejo deve revisar seu modelo de distribuição. Num outro campo, necessita repensar a administração financeira, já que essa área viveu muitos anos na busca inebriante do lucro pelos resultados. Há de ser criado, também, o modelo operacional do varejo de forma que ao menor custo se venda mais.

As mudanças de rota passam pelo Marketing, onde é preciso entrar tecnologia: nos países do Primeiro Mundo já existem modelos que definem qual o melhor Marketing Mix de produtos para uma loja de supermercados, por exemplo. É importante a empresa varejista pensar a partir de uma analise de Marketing, definido ate gerencias de produtos.

Quando se fala em produtividade, o varejo tem de levar em conta o planejamento estratégico. Será que uma empresa dessas sabe o que vai acontecer com ela daqui a cinco anos? A maioria nem desconfia, mas é preciso questionar esse aspecto visando sempre a produtividade.

É preciso ter custo menor, e, em consequência, elevar a produtividade, Produtividade, por exemplo, se consegue com engenharia de Processo, de Método. Chega-se a ela quando se opera Just In Time no abastecimento, Just In Time na produção, Just In Time na distribuição.

Já se sabe que anos 90 será da produtividade total. No Brasil, essa tendência vem agora sendo empurrada pela nova realidade econômica. A ordem clara é reduzir custo, aumentar a eficiência. O País, acostumado a definir o preço de seus produtos através da soma dos custos mais o lucro, terá agora de enveredar pelo modelo dos países adiantados, onde o custo é igual ao preço de venda menos o lucro.

Para isso, as empresas não poderão abrir mão da logística, integrada, ferramenta capaz de harmonizar o ambiente de uma organização desde a entrada da matéria prima até a saída do produto acabado.

J. G. Vantine é consultor especializado em Logística e Distribuição Física e fundador da Vantine Consultoria, empresa de Consultoria em Logística e Supply Chain Management.

Matéria O ESTADO DE SÃO PAULO – 15/10/1991