LOGÍSTICA, A ÚLTIMA FRONTEIRA DA EFICIÊNCIA
Para enfrentar as exigências do mercado na década de 90, uma empresa industrial não deve ficar restrita à produção ou manufatura. Uma empresa tem de buscar o lucro global e isso não se conseguirá nos anos 90 jogando-se apenas entre as quatro paredes da manufatura. Ate porque a geração de um produto acabado consolida-se com a administração de recursos (financeiros, materiais, humanos, físicos e tecnológicos).
Por outro lado, o produto final colocado À disposição do usuário, seja ele a indústria de transformação ou o consumidor final, envolve complexas operações de inúmeras ações, cuja harmonia envolve o ciclo Suprimento/Produção e Distribuição. Tal ciclo, na clássica concepção de administração industrial, compartimenta o fluxo físico de informações em áreas distintas: Administração de Materiais, Administração da Produção, Administração de Vendas (Suprimento) e Produção (Marketing).
O problema é que esse modelo tornou-se incompatível com a revolução industrial japonesa dos anos 80, que criou extraordinários métodos e técnicas de busca da qualidade e produtividade. Dais porque, quase ao mesmo tempo, surgiu o conceito de Logística Integrada, especialmente na Europa, inspirado no sistema de distribuição comercial dos EUA, que se desenvolveu rapidamente no pós-guerra.
A Logística Integrada, hoje presente na maioria das indústrias européias, principalmente na Inglaterra, França, Alemanha e Itália, define a administração de todo o fluxo de informação e materiais, isso desde o ponto de origem de matérias primas e insumos até o ponto de destino ou consumo, incluindo os materiais em processo.
Assim, Suprimentos, Programação e Controle da Produção e Distribuição Física reúnem-se num só compartimento, o que permite a fluidez de todo o sistema produtivo.
A década de 90 devera se caracterizar pelo grande desenvolvimento da Logística Industrial e Comercial, pois seus custos giram entre 18 e 25% do custo total de um produto.
Portanto, não é possível concluir: diante da exigência do mercado e a concorrência cada vez maior, a produtividade na década de 90 será preocupação de primeira grandeza – não bastará produzir com qualidade e custo baixo. Vai ser necessário que o produto chegue ao usuário final com a qualidade que ele deseja e ao preço que eles podem pagar.
Ou, em outras palavras: no contexto global, movimentar, armazenar, embalar e transportar é ações fundamentais da administração. Mais que isso: provavelmente, representam a última fronteira da eficiência. E o caminho para isso é a Logística Integrada.
Escrito por José Geraldo Vantine, consultor especializado em Logística e Distribuição Física, é ex professor da OEA na área de embalagens e fundador da Vantine Consultoria, Empresa de Consultoria Logística e Supply Chain Management.
Matéria O ESTADO DE SÃO PAULO – 12/02/1991