SISTEMA LOGÍSTICO – PARTE III
II – CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA LOGÍSTICA
2.1 Custos
Um sistema de logística integrada não acrescenta ganho. Reduz custos. Aumenta, portanto, a margem de lucros da empresa.
Se partirmos da formula P= C + L, onde:
P = Preço de Vendas
C = Custos
L = Lucro
Podemos concluir que L = P – C.
O fator C pode ser decomposto em custos fixos e custos variáveis. É sobre este último que o sistema de logística integrada incide diretamente, ao racionalizar os processos de distribuição e, com isso, permitir o aperfeiçoamento do desempenho operacional e mercadológico da empresa.
A falta de um produto para atender o consumidor leva à perda da venda e mesmo do cliente.
Resulta, portanto, no custo de oportunidade, sanado por uma estratégica correta de distribuição. Do ponto de vista interno, essa estratégia reduz gastos, pois permite a adoção de roteiros mais econômicos ou a melhor utilização do espaço interno do veículo ou dos equipamentos de movimentação e armazenagem.
De outro lado, a falta de material para atender às necessidades da produção gera a ociosidade das máquinas. A manutenção de grandes armazéns com espaços ociosos para atender à demanda sazonal, porém, pode aumentar desnecessariamente os custos fixos da empresa. Já a aquisição de material aumenta o imobilizado e, em conseqüência, reduz sua liquidez. Uma estratégia que integre o controle de estoques às necessidades de produção e distribuição, no entanto, garante o abastecimento satisfatório e, ao mesmo tempo, libera recursos que podem ser aplicados em atividades mais rentáveis.
O mesmo raciocínio pode ser aplicado à área de produção. Os custos totais de uma fábrica são estimados para determinado nível de produção. Se ele permanece aquém das expectativas, gera a ociosidade; se as supera, pode levar ao aumento de custos indiretos e ao conseqüente impacto no custo unitário.
Por exemplo, devido ao congestionamento por acúmulo ao excesso de produção, aumento dos tempos de espera e de estoques em processo, ou do volume de estoque de produtos acabados por causa da insegurança de entrega.
Nesse caso, torna-se necessária a obtenção de novo ponto de equilíbrio em que a quantidade produzida dilua os custos fixos sem afetar os variáveis. É o momento em que muitas empresas ampliam suas instalações ou adquirem equipamentos que permitam a substituição de processos manuais pelos mecânicos e destes pelos automatizados. As operações com máquinas, ferramentas, por exemplo, podem ser feitas à mão para gerar poucas unidades. Um número um pouco maior de produção pode levar ao uso de máquinas e equipamentos especiais. Séries muito grandes justificam o uso de linhas especiais de montagem e produção, ou o uso de máquinas especiais e caras. O custo de preparo inicial seria elevado, mas o custo unitário adicional muito baixo.
Em síntese, dentro de uma empresa podem-se apontar como áreas que têm seus custos reduzidos pelo projeto de logística:
- Administração de materiais/suprimento;
- Armazenagem de materiais (insumo, processo e final);
- Movimentação de materiais (insumo, processo e final);
- Transporte e embalagem de produtos finais;
- Processos industriais.
É importante notar que todas elas podem requerer investimentos iniciais para posterior redução de custos. O retorno desses investimentos, porém, não pode ser medido apenas pelos métodos convencionais. Muitas vezes, são intangíveis, como acontece com o aumento da velocidade ou qualidade de transmissão de informações ou com a venda de determinado produto, porque ele se encontrava na hora e local adequados. Por isso, quando se checa o desempenho do projeto logístico, deve-se pensar, também, em termos de disponibilidade, capacidade, qualidade, onde:
- Disponibilidade é a condição para atender às necessidades de produtos e materiais;
- Capacidade é o intervalo de tempo entre a identificação e o atendimento do pedido;
- Qualidade é a condição para se manter as qualidades originais dos materiais e produtos, evitando danos e avarias.
Jornal – O Estado de São Paulo – Publicado em 18 de outubro de 1988
J.G. Vantine – Engenheiro Industrial, consultor, professor especializado em logística, distribuição, movimentação, armazenagem e embalagem. Professor da OEA para América Latina. Diretor geral da Vantine & Associados, empresa especializada em Logística e Distribuição Física.
Diretor Geral da Vantine Consulting, empresa de Consultoria em Logística e Supply Chain Management.