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A face mais visível da falta de normatização e de padronização das embalagens no Brasil é o amparo do consumidor diante de produtos de vários pesos e volumes. Entretanto, muito mais do que à defesa do consumidor, o assunto pertence às esferas da economia, onde também residem as dificuldades para sua efetiva adoção.

Para o consumidor, a dificuldade aparece na hora de comparar preço e qualidade de dois artigos similares, mas com peso e volume diferentes. O comerciante, envolvido no dia a dia da atividade, raramente percebe que certos custos de transporte, armazenagem e exposição poderiam ser reduzidos com a adoção de padrões e normas que facilitassem a prática da economia de escala. A indústria, causa e conseqüência do descompasso, procura resolve-lo ora pelo amadorismo, ora pela adoção de critérios individualistas, que perdem a validade quando a mercadoria transpõe o portão da fabrica. O exportador sente que a diversidade na apresentação funciona como barreira À penetração de seus produtos em mercados cobiçados. Os transportadores e agricultores visualizam os desperdícios, quebras e perdas… E a lista, que poderia ser maior, mostra como os diferentes atores da vida econômica sentem de maneira diferenciada os problemas causados pela falta de normalização e padronização de embalagens, providencia básica ainda não adotada no Brasil na profundidade e extensão exigidas pela dimensão do aparelho produtivo e pelas necessidades do sistema de distribuição

A necessidade de se pensar em tudo, até chegar À carroceria do caminhão

José Geraldo Vantine, diretor geral da Vantine Consultoria, empresa de Consultoria Logística e Supply Chain Management – considera a existência de dois tipos de embalagens: a primária, que chega às mãos do consumidor, e a secundária, utilizada para transporte e estocagem. Para ele, qualquer padronização teria que ser encarada por dois enfoques, o legal e o operacional, sendo que o ultimo implicaria e se pensar a embalagem integrada ao produto e aos meios de produção, transporte, armazenagem e distribuição.

Atualmente, por força das circunstâncias, a embalagem primária é pensada unicamente em função do produto e dos apelos de marketing. Não que isto não seja importante, pelo contrário, mas dentro de um princípio de modulação de embalagens teríamos que planejar a embalagem primária em função da secundárias e ambas em função dos elementos utilizados na distribuição física e na armazenagem”, declara.

Revista SuperHiper – Ano 13 – nº 9 – Setembro de 1987