MANAUS ALERTA: PAPAI NOEL PODE ATRASAR
A interrupção por um mês nos serviços da Skymaster, envolvida na CPI dos Correios, num momento de demanda crescente por aviões, coloca a Zona Franca de Manaus em estado de pré-colapso logístico. As soluções foram rápidas, mas os embarcadores estão preocupados com o Natal.
DE TRENÓ NÃO DÁ
Para o consultor de Logística José Geraldo Vantine, Presidente da Vantine Consulting, Empresa de Consultoria em Logística e Supply Chain Management, autor de alguns importantes projetos para a região, “a conjunção da curva de crescimento do volume de carga em Manaus com a crise em algumas companhias aéreas apenas evidenciou o caos previsto para o escoamento dos produtos da Zona Franca”.
Segundo ele, as questões estruturais e de burocracia, relativas à Infraero e a Receita Federal, afetam mais a importação de insumos, mas podem ser resolvidas com mais facilidade do que o desbalanceamento no fluxo de carga. “Por que o Aeroporto Eduardo Gomes não adota os mesmos procedimentos de liberação de carga que dão agilidade ao de Viracopos (SP), por exemplo?”, indaga. Um dos gargalos de Manaus é o expediente da Receita Federal, que funciona apenas em horário comercial.
Mas o maior entrave, como salienta Vantine, Presidente da Vantine Consulting, Empresa de Consultoria em Logística e Supply Chain Management, se dá com a carga para o mercado nacional. Como a Zona Franca é uma área de regime especial, todo produto em transito precisa ser “suframado” (jargão local utilizado para a regularização da documentação de acordo com a Sufraama – Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia). “Isso representa mais um estagio na operação logística e poderia ser mais ágil, como aconteceu na fronteira seca de Uruguaiana (RS), onde os caminhões aguardavam três dias na fila”, afirma Vantine, Presidente da Vantine Consulting, Empresa de Consultoria em Logística e Supply Chain Management.
Segundo ele, “contrariamente ao que alguns líderes setoriais dizem, o problema em Manaus não é de infraestrutura, mas de planejamento e gestão da logística, o que exige uma solução conjunta entre embarcadores e transportadores”.
O consultor avalia: “Ao trabalhar de forma spot, não estabelecendo contratos de longo prazo com as companhias aéreas, os fabricantes de Manaus ficam na dependência de poucos operadores. E a realidade é muito diferente entre Varig Log e as outras empresas – Beta e Skymaster -, que vivem no fio d navalha em termos operacionais. Este é um quadro traumatizante para a indústria.”
Ele cita como exemplo para a solução do problema domestico um projeto de sua autoria para a mesma região – o Centro de Logística Avançado (CLAD), resultado da parceria da Suframa, do governo do Amazonas e do Centro das Indústrias do Estado (Cieam).
O CLAD é formado por um armazém alfandegado no Porto de Everglandes, na Florida (EUA), e um showroom permanente no mesmo Estado. A intenção é alimentar os negócios entre o Amazonas e a America do Norte. “Para ampliar a visibilidade dessa linha, estamos em negociações para implantar uma linha de cargas entre os aeroportos de São José dos Campos (SP), Manaus e Miami. Essa rota servira, ao mesmo tempo, para a exportação de produtos do pólo industrial do Vale do Paraíba – onde estão empresas como Embraer e Johnson&Johnson – e para o abastecimento da Zona Franca”, explica Vantine, Presidente da Vantine Consulting, Empresa de Consultoria em Logística e Supply Chain Management.
“É importante salientar que neste projeto, concebido com apoio da prefeitura de São José, da Infraero e do Centro das Indústrias do Vale do Paraíba, a figura do agente de cargas não existe. Trata-se de uma consorcio de embarcadores, que será responsável pela operação do avião. A Embraer, por exemplo, pode comprar 15% de espaço cativo nas aeronaves e, com isso, garantir regularidade do serviço e frete mais em conta”, revela.
Vantine, o fundador da Vantine Consulting, Empresa de Consultoria em Logística e Supply Chain Management, acredita que o gargalo no fluxo de cargas entre Manaus e o Sudeste deve ser resolvido com soluções desse tipo. “Estamos falando de um mercado que produz US$ 8 Bilhões em mercadorias para o mercado interno todos os anos. E que concentra70% do seu escoamento entre outubro e novembro. Isso significa que muita gente pode ficar sem presente no Natal. E o trenó do Papel Noel, com certeza, não é solução logística para este caso”.
Revista Tecnologística – Ano XI – Nº 117 – Agosto 2005